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domingo, 30 de outubro de 2011

Capistrano: Nós comunistas nos orgulhamos de nossa história

Por Antonio Capistrano*
 
História que vem desde o Manifesto Comunista de 1848, passando pela Revolução Russa de 1917, pela vitória contra o nazismo na Segunda Guerra Mundial em 1945, pela Revolução Chinesa de 1949 e pela Revolução Cubana de 1959, marco da luta dos povos oprimidos contra o imperialismo. Nos orgulharmos também de nossa luta contra o colonialismo no continente africano e contra as ditaduras e as oligarquias na América Latina e no Caribe

Nesta longa trajetória não podemos esquecer os nomes de Marx, Engels, Lênin, Stálin, Ho Chin Mim, Che, João Amazonas, Prestes, Marighela, Apolônio de Carvalho, Ana Montenegro, Wlademir Herzog, Alvaro Cunhal, Pablo Neruda, Saramago, Portinari, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Glênio Sá, Alírio Guerra, doutor Vulpiano, Lourival de Góis, Chico Guilherme, Zé Moreira, e tantos outros que lutaram e se sacrificaram pela justiça social, pela classe trabalhadora, na defesa da sua utopia

Claro que nessa trajetória cometemos erros, equívocos, pecamos, mas sem perder a capacidade de autocrítica, elemento basilar na vida de um militante comunista e de todos os partidos marxistas do mundo, como também, sem perder o foco da nossa luta que é a construção de um mundo de paz, e a paz só se conquista com justiça social.

Nós comunistas sempre tivemos como ponto basilar da nossa luta a construção de uma sociedade justa e pacífica, sociedade onde todos possam viver em harmonia entre si e com a natureza. Essa é nossa luta, essa é a nossa história, essa é a nossa utopia, uma utopia possível de ser concretizada.

Por tudo isso, nós comunistas nos orgulharmos da nossa história, não temos motivo de renegar ou de ter vergonha do nosso passado, do nosso presente, nem dos nossos princípios. O filosofo marxista Domenico Losurdo, no seu excelente trabalho “Fuga da História? A Revolução Russa e a Revolução Chinesa vistas de hoje”, afirma: “Se a autocrítica é o pressuposto da construção da identidade comunista, a autofobia é sinônimo de capitulação e de renúncia a uma identidade autônoma”. Não podemos capitular, não temos motivo para isso. Apesar da campanha midiática, mentirosa, falseando os fatos, campanha permanente orquestrada contra nós, temos consciência da pureza dos nossos ideais e da justeza da nossa luta.

Quando estudamos a história do movimento comunista mundial sentimos orgulho dela. Renegar esse passado é renegar a história dos nossos mártires, daqueles que se doaram a luta por um mundo verdadeiramente democrático e socialmente justo, onde o ponto de partida seja igual para todos. Renegar esse passado é renegar a história de Luis Maranhão, Hiran Pereira, José Silton, Emanuel Bezerra, Davi Capistrano, José Raimundo, Virgílio Gomes da Silva, Anatália de Souza Melo Alves, dos que como eles morreram nos porões da ditadura, muitos deles sem o direito a um sepultamento e uma certidão de óbito. Foram muitos os comunistas trucidados.

O movimento comunista internacional sempre teve nos seus quadros grandes figuras da vida intelectual e científica que se juntava aos milhares de trabalhadores do campo e da cidade na luta contra o imperialismo, contra o colonialismo e o latifúndio, causadores da miséria e do atraso, do subdesenvolvimento e da fome, em todo o mundo.

No Brasil, os comunistas estão presentes em todos os momentos decisivos da história contemporânea, sempre ao lado do povo, na luta pelas conquistas da classe trabalhadora, pela consolidação de uma verdadeira democracia e na defesa das riquezas do nosso país.

O ideal de uma sociedade socialista continua vivo, apesar da violenta campanha anticomunista patrocinada pela grande mídia, nacional e internacional, a mesma mídia que sempre esteve contra os avanços democráticos e a classe trabalhadora.

Apesar de tudo, nós comunistas continuamos firmes na busca da nossa utopia, repetindo o que disse o velho camarada Apolônio de Carvalho – vale a pena sonhar.

A luta tem sido longa e árdua, apesar dos fascistas e do PIG – o Partido da Imprensa Golpista, a nossa perseverança tem permitido avanços na consolidação das liberdades democráticas e das conquistas da classe trabalhadora.

O filosofo Domenico Losurdo, marxista italiano, participando de um seminário, em Fortaleza, sobre as esquerdas após o fim da União Soviética, levantou a necessidade de um novo bloco histórico para impulsionar o internacionalismo, disse ele que esta meta só será possível “se os partidos comunistas recuperarem o orgulho da sua própria história e reforçarem sua capacidade de análise concreta da situação concreta”. E isso vem ocorrendo em todo o mundo, a onda neoliberal está passando, nós comunistas retomamos a nossa luta e com orgulho estamos a empunhar a bandeira do socialismo. O sistema capitalista tem demonstrado a sua ineficácia, o modelo neoliberal é um fiasco, hoje os Partidos Comunistas na Europa e os governos de esquerda na America Latina retornam ao seu caminho que é fortalecer os movimentos de esquerda e enfrenta a onda anticomunista com altivez, consciente da justeza das nossas ideias.

A luz no fim do túnel volta a brilha e nós comunistas estamos a dizer em alto e bom som, nós comunistas nos orgulhamos da nossa história.


* Antonio Capistrano é ex-reitor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte é militante comunista desde 1961 - PCdoB

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