O dirigente iniciou seu pronunciamento traçando o perfil do Partido, destacando a capacidade dos comunistas de ampliar sua militância e de atrair lideranças importantes para seus quadros.
"Nosso partido, o PCdoB, é um Partido em expansão, em crescimento. É um Partido que tem nesses últimos três meses filiado muitas lideranças populares, gente de origem da academia, do meio operário, do meio sindical, da juventude, que é uma área em que o nosso Partido tem uma grande influência, e é um orgulho para nós que o PCdoB, que é um partido dos trabalhadores, tenha essa marca da juventude e das mulheres", afirmou.
Renato Rabelo destacou também a contribuição de Pernambuco para a expansão do Partido. "Aqui, o PCdoB tem tido também essa capacidade de filiar lideranças importantes, representativas da sociedade do Estado e do Recife".
Segundo ele, o número de filiações ainda pode aumentar. "Vejo a possibilidade de até o início de outubro o partido filiar ainda muitas lideranças importantes e essa possibilidade existe pelo Brasil afora".
Renato citou também os resultados do atual ciclo de conferências. "Nós temos mobilizado nessas conferencias, militantes que sempre compõem uma organização partidária que a essa altura já chegou a 132 mil militantes", comemorou.
Leia abaixo resumo dos principais temas abordados por Renato Rabelo no Recife.
Resolução do CC
"Na última reunião do Comitê Central, o nosso partido tirou uma resolução, que eu considero da mais alta importância porque essa resolução define nesses quase nove meses de governo da presidenta Dilma a primeira posição oficial do Partido Comunista do Brasil acerca do governo da presidenta Dilma. É uma resolução que compreende toda a realidade do mundo atual e do Brasil. É um esforço de sintetizar questões importantes que se relacionam".
Crise mundial
"A grande crise do capitalismo iniciada em 2007/2008 continua regendo e, de certa forma, definindo a dinâmica econômica, financeira, social e política do mundo. É uma crise que perpassa todo o mundo e o Brasil evidentemente sofre o impacto dessa crise. É, portanto, uma crise que influi na dinâmica desde a política, a economia, passando pelos aspectos sociais.
Então, nós não podemos compreender a realidade política de hoje abstraindo a dimensão, as particularidades e o conteúdo próprio dessa crise iniciada em 2008, a terceira grande crise desde o século 19. Essa é uma categoria em que o PCdoB trabalha.
Só que essa terceira grande crise do capitalismo, surge, desponta, evolui, em um mundo em transição, que é uma outra categoria em que o PCdoB já vinha trabalhando antes desta crise. Por isso mesmo que nós temos acentuado que a primeira grande questão como foco da nossa análise, da nossa compreensão é que a terceira grande crise do capitalismo ela se dá em um mundo em transição.
O mundo em transição era um mundo que, por um lado, já apresentava um declínio progressivo, gradativo, relativo da maior potência do mundo de hoje, que são os EUA, e de outro lado a ascensão de outros países, de outros focos de dinâmica crescente de desenvolvimento, que é o chamado Brics, sobretudo, a República Popular da China, que hoje é a segunda maior potência do mundo, rivalizando com os Estados Unidos e ultrapassando inclusive o Japão, o que evidentemente repercute no plano político, tendo portanto um papel importante na geopolítica mundial.
A terceira grande crise apressa esse processo de transição, pois atinge em cheio o centro do capitalismo, os EUA, a Europa e o Japão. Por outro lado, vem favorecendo, isso é o paradoxo da atual situação, o desenvolvimento de países como a China, a Índia, a Rússia, o Brasil e a África do Sul, que compõem o chamado Brics. Esse é o paradoxo da atual situação.
Governo Dilma
A nossa presidenta assume o governo no bojo de uma crise que já vinha de 2008, da qual de certa forma o governo Lula se saiu bem. É um governo novo, que procura conquistar autoridade, liderança, e ao mesmo tempo sofre o impacto de uma recidiva da crise mundial. Portanto, é um governo que nós temos de considerar essas condições. É um governo que tem o desafio de ir além do governo Lula porque é um governo de continuidade. Mas, não pode ser apenas um governo de continuidade porque vai paralisar. Todo na vida requer avanço e o grande desafio deste governo é avançar.
E nós compreendemos que o governo Dilma vem firmando ao longo desses quase nove meses a sua autoridade e a sua liderança. Nós podemos dizer que a presidenta Dilma comanda todo o governo. Ela é respeitada por todos os ministros e pouco a pouco ela vai se impondo na base político de apoio, que é muito ampla e heterogênea.
E, sobretudo, ela não se envolveu com essa tentativa da oposição - que tem a parte institucional, que são os partidos, e a parte midiática, que age sempre no sentido de oposição - de, num primeiro momento, colocar uma clivagem entre o governo Dilma e o governo Lula, explorar contradições entre um governo e outro justamente para incompatibilizar o governo da presidenta Dilma com o presidente Lula. Em um segundo momento, a oposição institucional-midiática procurou incompatibilizá-la com a base de apoio do governo, colocando com centro da agenda do governo a chamada "faxina". Mas, Dilma não se deixou envolver por isso.
Novo pacto político
É necessário um novo acordo em cujo centro esteja o governo, os trabalhadores e os empresários da produção, os empresários nacionais. Esse é o novo acordo, esse é o acordo político para nós mudarmos a política macroeconômica, abrir de fato o caminho do desenvolvimento econômico sustentável no Brasil. É também o caminho para conseguirmos maiores êxitos e avanços reais do governo.
Por isso, que o centro do embate político atual é exatamente a formação desse novo pacto político que leve em conta a soberania do País, o desenvolvimento do País e que alcancemos de fato uma economia moderna, uma indústria moderna com alto valor agregado para que o Brasil não seja um simples exportador de matéria prima e de commodities.
Esse é o caminho e isso passa por essa compreensão política. Não é simplesmente a gente compreender que é só caminho econômico. O caminho econômico para o desenvolvimento passa por um novo acordo, por um novo arranjo político em que esteja no centro não mais os círculos financeiros mais dominantes e sim os empresários da produção, os empresários nacionais, os trabalhadores. Esse é o caminho político para que a gente abra esse novo caminho.
Num quadro como esse, portanto, se abre a possibilidade de construirmos esse novo pacto político e o apoio dos movimentos sociais para isso é muito importante. O apoio do movimento sindical, da juventude, das mulheres, de todos os movimentos populares, nesse momento, é muito importante. A formação de novo pacto político tem de ter o respaldo dos movimentos sociais. Esse novo pacto tem nos movimentos sua força motriz, sua sustentação política e social.
Eleições 2012
O PCdoB tem como projeto político mais importante e imediato o projeto 2012. 2012 para nós é muito importante porque são eleições de base, são eleições municipais feitas pela base. É exatamente nessa fase que o Partido pode acumular forças e o nosso Partido vem nesse processo de acumulação de forças.
De 2004/2006 para cá o Partido passou a investir de forma crescente nas eleições majoritárias. Portanto, o partido não pode participar dos embates político-eleitorais parcialmente. Nós tínhamos de participar de forma plena. E isso nós começamos, sobretudo, de 2004/2006 para cá.
Agora, nós vamos fazer um investimento muito maior do que os que foram feitos em 2008 e 2010. A possibilidade agora é de nós elegermos prefeitos em cidades médias e capitais importantes. Portanto, nós vamos dar um passo além do que demos em 2008. Hoje nós temos candidaturas fortes, com grandes possibilidades em capitais importantes, como Porto Alegre e São Luís. Nós temos candidatos fortes a prefeito também em São Paulo (SP), Salvador (BA) e Rio Branco (AC). Todos com grandes possibilidades de êxito. Em Pernambuco, nós vamos ter candidaturas a prefeito de municípios importantes.
E o Partido surpreende, cresce, e desempenha um papel crescente, acumulando forças. Por isso, para nós as eleições de 2012 tem uma grande importância nesse processo de acumulação de forças e nós vamos participar em cerca de 32 cidades médias com possibilidades de viabilidade dessas candidaturas.
Fonte: Site de Luciano Siqueira
Nenhum comentário:
Postar um comentário