Por Luciano Siqueira
Agrada-me muito a troca de ideias com amigos e amigas com os quais mantenho contato frequente, por e-mail e através das redes sociais. Recebo opiniões críticas e muitas vezes a indagação sobre este ou aquele lance da política.Ontem conversei no MSN com amigo R, impaciente em relação ao que considera “novela” das eleições municipais no Recife e em outros lugares. E num rasgo de entusiasmo sapecou a proposta: “Que o PCdoB lance candidato a prefeito em todos os municípios onde atua!” Seria muito mais simples, diz ele, pois pelo menos nos livraria de demoradas negociações com os demais partidos.
Faz as contas e avalia que elegeremos Manuela Dávila em Porto Alegre, Flávio Dino em São Luis, Netinho de Paula em São Paulo, Inácio Arruda em Fortaleza e por aí saiu citando suas otimistas previsões.
Mas as coisas não são bem assim, amigo. Nessas cidades onde militantes comunistas aparecem bem situados nas pesquisas, tudo fazemos para agregar outros partidos, estabelecer alianças amplas e competitivas. E onde detectamos o desejo legítimo de militantes que se consideram credenciados a governar suas cidades, a primeira pergunta que fazemos é exatamente esta: “que forças poderiam lhe apoiar?”
É que o PCdoB não disputa eleições majoritárias sozinho. Mesmo que tenha nomes de enorme prestígio e comprovada densidade eleitoral, como a deputada Manuela Dávila. “Por que não?”, indaga o amigo R., sugerindo falta de ousadia de nossa parte.
Tento então explicar pacientemente que numa batalha dessa magnitude é preciso considerar a correlação de forças, ou seja, que forças reunimos em torno do projeto comum, quais as adversárias, que outras podemos neutralizar (e agregar num hipotético segundo turno, em cidades maiores) e, na medida do possível, verificar tendências atuais e em perspectiva no eleitorado. Ou seja, com que roupa vamos ao samba e para que lado tende a maioria da população e por que razão.
Daí se define a tática a seguir. Cito para o amigo R a assertiva de Lenin, de que alma da política está na tática e a essência da tática decorre da correlação de forças. E ainda acrescento Plekhanov, para quem o Partido Comunista deveria pensar e agir “com as quatro patas fincadas na realidade”.
Nosso diálogo esquenta no MSN. O amigo se exaspera, deixa-se levar pela emoção e resiste à racionalidade, repele a consideração das condições concretas onde o pleito se dará em cidades como o Recife, Jaboatão dos Guararapes e Caruaru, por exemplo. Volta a Porto Alegre e sentencia que nossa jovem deputada, campeão de votos, “não precisa de nenhum outro partido para vencer”.
Encerramos o bate papo com um cordial boa noite e juras de amizade e confiança mútua. Mas R arremata, indignado, “que essa tal de tática só serve para atrapalhar”. Não me deixo dobrar e insisto: nada disso, sem uma orientação tática certeira, dificilmente se alcança a vitória em qualquer peleja, mais ainda quando o que está em jogo em poder local.
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