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quinta-feira, 29 de março de 2012

Palavras devem ser mais do que palavras


Luciano Siqueira (deputado estadual PCdoB/PE)

Na década de setenta, a rede Globo exibia um programa humorístico em que o personagem Walfrido Canavieira - criado e interpretado por Chico Anysio -, ao discursar para a multidão, à guisa de comício, concluía sua fala, em geral vazia, com a expressão: “palavras são palavras, nada mais do que palavras”.


Essa afirmação do discurso demagógico, que pretende conquistar votos sem firmar compromissos claros e factíveis diante do povo, vem à tona com certa força na atual fase pré-eleitoral. Pré-candidatos a prefeito em todo o País – segundo se lê na imprensa e se observa cá na província -, devidamente instruídos por suas assessorias de marketing, pinçam de pesquisas de opinião os problemas mais sentidos pela população e em torno de cada um deles antecipam uma promessa – de preferência apresentada em termos plásticos e atraentes. Pouco importa a viabilidade do que se anuncia, vale a conquista do aval partidário e a simpatia do eleitor.

Há demagogia para todos os gostos. Sem nenhuma consideração para com os dispositivos constitucionais, nem para com as dificuldades de financiamento relacionadas com os limites da arrecadação municipal e com os rigores da Lei de Responsabilidade Fiscal.

De outra parte, mesmo em cidades de grande e médio porte, muitos tratam o município como uma entidade apartada do Estado e da União, como se ente federativo não fosse. Descuidam das implicações de políticas públicas federais no equacionamento de problemas municipais – como desemprego, segurança, saúde, educação, saneamento básico, desenvolvimento de atividades produtivas diversas, etc. E ignoram o peso da mobilização da sociedade local em favor do desenvolvimento nacional.

Nas plataformas (termo mais apropriado do que “programa”) dos candidatos majoritários, o destaque óbvio está nos problemas e soluções locais, porém o elemento nacional não pode está ausente. Todo candidato progressista, mormente os situados à esquerda no espectro das forças que dão respaldo ao governo Dilma, deve se posicionar, por exemplo, sobre projetos e programas do governo federal que, uma vez concretizados, melhorarão em muito as condições de vida nas cidades – como a política de investimento visando acelerar o crescimento econômico, incrementada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Demais, a ideia de um pacto nacional pelo desenvolvimento e pelo emprego, com a valorização do trabalho, no período pós-eleitoral precisa encontrar nos prefeitos eleitos mediadores qualificados junto aos partidos da base do governo, ao movimento social e a segmentos e personalidades expressivas na vida local.

Promessas de futuro candidato não podem ser simples palavras, nada mais do que palavras. Devem expressar propostas de conteúdo responsável, para que o eleitor possa fazer uma escolha consciente.

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